terça-feira, 8 de dezembro de 2009

VIDA DE FOGO

Desde a minha juventude desprezei a prudência,
qualquer forma evidente de cautela e rotina.
Gritar onde soasse a voz dos cobardes.
Somente arder e sentir a intensidade
e lançar-me aos abismos do perigo,
ouvindo-me lutar na sua vertigem.
Amar a vida e ser pródigo no seu esbanjamento,
para assim inventariá-la com recordações veementes.
Vida como uma amada deslumbrante,
a quem é necessário seduzir,
beijar até ao mais íntimo da alma,
para morrer, vivendo no seu delírio,
na sua esbelta juventude, no seu contágio.
Vida que se submerge no irrepetível
e, iluminada e fértil, se derrama
na sua alegria imemorial, profunda,
elevando-se, ali, sobre o seu canto,
para trazer os tesouros do puro calafrio.

Justo Jorge Padrón,
Extensão da Morte,
Teorema

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