quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O Corredor na penumbra

Sentara-se ali muitas vezes
durante uma temporada
como se pudesse dispensar-se de tudo
embora sem deixar transparecer

os trabalhos interrompidos, os recursos, partidas
melhores do que aquela
não tinha a certeza se iria a tempo dessa verdade

Que seguraria ele se pudesse?

Há um momento sem explicação
em que a porta de casa nos resiste
os aspectos habituais debatem-se
em inquietante estranheza
e quando atravessamos o corredor na penumbra
os espelhos não nos reconhecem

José Tolentino Mendonça,
O VIAJANTE SEM SONO,
Assírio & Alvim, 2009

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